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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

MACRO-COMPLEXO CONSTRUÇÃO CIVIL



Esta publicação descreve um pouco sobre a relação entre cliente/fornecedor na indústria da construção civil e os principais problemas enfrentados pelas empresas de construção em relação a qualidade dos materiais e componentes.

MACRO-COMPLEXO CONSTRUÇÃO CIVIL
A atividade de construção civil é parte indissociável do desenvolvimento do país, gerando bens que, além de produzir a infra-estrutura necessária para diversas atividades econômicas, proporcionam bem-estar e qualidade de vida à sociedade. Segundo os conceitos mais recentes da economia industrial, não é possível analisar a Indústria da Construção enquanto atividade fim isolada, considerando-se apenas o processo produtivo de montagem dos produtos finais (edificações, estradas, pontes, barragens, etc.). Esta atividade mantém relações muito estreitas com as
atividades precedentes, que produzem os insumos necessários para a materialização de um projeto concebido (Silva, 1994).
O segmento produtor de edificações caracteriza-se por uma grande diversidade de insumos utilizados, provenientes de distintos setores industriais. Além da própria indústria montadora, o macro-complexo da construção civil é composto por seis cadeias produtivas. Identificam-se seis grandes cadeias produtivas neste macro-complexo: (a) extração e beneficiamento de materiais não-metálicos; (b) insumos metálicos; (c) madeira; (d) cerâmica e cal; (e) cimento; e (f) insumos químicos (Souza et al. 1993).
Existe uma forte dependência entre a atividade fim e as várias cadeias produtivas, no sentido de assegurar um bom desempenho da produção quanto à qualidade e produtividade (Silva, 1994). A fragmentação existente exige um grande esforço de troca de informações entre diferentes agentes, de forma a atingir a compatibilização técnica, padronização e formação profissional necessários para alcançar elevado desempenho. Esta afirmação é confirmada pelo estudo realizado pelo McKinsey Global Institute (1998), que compara diversos setores industriais do Brasil, Estados Unidos e Coréia do Sul. Tal estudo concluiu que a falta de integração do macro-complexo da construção civil é efetivamente uma das principais causas da baixa produtividade da indústria da construção brasileira em relação àqueles dois países.
Algumas indústrias deste macro-complexo envolvem tecnologias de alto teor de conhecimento incorporado (vidros, tintas, tubos e conexões), enquanto outras ainda conservam tecnologias com características muito tradicionais, constituindo, em alguns casos, processos artesanais (cerâmica vermelha, cal, esquadrias) (Silva & Souza, 1993). Sob um enfoque mais amplo, o macro-complexo da construção civil é freqüentemente caracterizado como atrasado por grande número de analistas das mais variadas áreas, possivelmente em função dos seguintes aspectos constatados: desenvolvimento tecnológico lento e incremental na ponta da cadeia, sem a percepção do desenvolvimento das partes anteriores sobre a produção final; nível de produtividade que pode ser considerado muito baixo se comparado aos padrões industriais e nível de qualidade do produto final que não se traduz numa adequação plena às necessidades dos clientes finais (Silva, 1994),
Constata-se, assim, a necessidade da inserção do macro-complexo da construção civil numa nova forma de organização industrial, de forma a assumir uma posição competitiva em condições de igualdade a outros setores que disputam a alocação de recursos por parte dos investidores e a priorização de consumo por parte dos clientes finais.

AÇÕES NO SENTIDO DE INTEGRAR O MACRO-COMPLEXO
O esforço de integração das cadeias produtivas no macro-complexo da construção civil deve ocorrer em diferentes níveis, tanto no âmbito nacional quanto regional e local, uma vez que a área de abrangência dos diferentes setores fornecedores é variável. Por exemplo, enquanto a articulação com os setores produtores de areia e cerâmica vermelha deve ocorrer localmente, o esforço de integração com outros setores fornecedores, como vidros e cerâmica para revestimento, requer ações de caráter nacional.
Neste sentido, é importante destacar uma tendência no país, observada recentemente, de maior utilização do poder de compra do estado no sentido de induzir a melhoria do desempenho do macro-complexo. Entre as principais iniciativas desta natureza destaca-se o Programa QUALIHAB, no âmbito do Estado de São Paulo, e o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade da Construção Habitacional (PBQP-H), a nível federal. Ambos os programas enfatizam a integração da cadeia produtiva entre as suas principais ações.
O PBQP-H, coordenado pela Secretaria de Política Urbana (SEPURB) do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), propõe a seguinte meta mobilizadora: “elevar para 90%, até o ano 2002, o percentual médio de conformidade com as normas técnicas dos produtos que compõem a cesta básica de materiais de construção”. Esta meta pretende mobilizar os agentes públicos e privados envolvidos no macro-complexo e baseia-se no combate à não conformidade intencional às normas técnicas de produtos, praticada por alguns fabricantes responsáveis pelo fornecimento de materiais e componentes de construção civil (SEPURB, 1998).
Pretende-se alcançar tais metas através do desenvolvimento de Programas Setoriais da Qualidade (PSQ) a nível nacional, semelhantes aos que foram desenvolvidos no Estado de São Paulo no âmbito do QUALIHAB. Os PSQs são coordenados por entidades representativas dos setores produtores de materiais e componentes de construção, as quais assumiram o compromisso de conduzir tais programas, levando em conta as peculiaridades de cada segmento. Compõem a cesta básica de materiais da construção habitacional os seguinte itens: (a) materiais e componentes estruturais e de alvenarias (cimento portland, aço para armadura de concreto, bloco cerâmico, componentes de madeira, laje pré-moldada e argamassa industrializada); (b) materiais e componentes de coberturas e acabamentos (telha cerâmica, portas e janelas de aço/alumínio/PVC, cerâmicas de revestimento e vidros planos); e (c) materiais e componentes de sistemas hidráulicos e elétricos (tubos e conexões de PVC, metais e louças sanitárias, fios e cabos elétricos e material elétrico como interruptores, tomadas e disjuntores).
A nível regional, cabe destacar também as iniciativas do Comitê de Tecnologia do SindusCon/SP que, desde 1997, vem realizando vários eventos técnicos a partir dos quais são desenvolvidas ações de integração entre a indústria da construção e setores fornecedores de materiais e componentes.
No âmbito das empresas, também há uma crescente necessidade de integração dos processos e operações que ocorrem entre construtores e fornecedores de materiais de construção, de forma a estabelecer um eficiente fluxo de informações entre ambos (Isatto, 1996). Por exemplo, através de um sistema de avaliação dos fornecedores busca-se retroalimentar o fornecedor de forma clara quanto ao seu desempenho, proporcionando-lhe meios para sua inserção em uma postura de melhoria contínua, e também os processos internos da empresa, em especial o projeto e especificação de materiais e o planejamento operacional. Assim, o processo de qualificação e seleção de fornecedores permite retirar uma fração significativa da subjetividade e imprevisibilidade associada à aquisição de insumos.
 

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